Wednesday, February 08, 2012

Na Campus Party, pesquisador prevê fim do celular em 5 anos

Novas tecnologias lançarão desafio a educadores, diz Sugata Mitra. 'O que fazer quando jovens tiverem o Google nas suas cabeças?', questiona. Laura Brentano Do G1, em São Paulo sugata mitra (Foto: Flavia de Quadros/indicefoto.com) Sugata Mitra mostra a experiência com internet em favela na Índia (Foto: Flavia de Quadros/indicefoto.com) O celular como conhecemos vai desaparecer em breve e a educação terá que se adaptar a mais essa mudança, afirmou Sugata Mitra, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), durante a Campus Party, nesta terça-feira (7). O evento acontece no Anhembi, em São Paulo. Especialista em tecnologia educacional, ele acredita que o aparelho vai dar lugar a outra tecnologia em cerca de 5 anos, assim como aconteceu com a vitrola e o walkman. “O que a educação deve fazer quando os jovens tiverem o Google nas suas cabeças? Como você vai saber que um contabilista é mesmo um contabilista ou se ele está apenas usando o Google?" Sugata Mitra, especialista em tecnologia educacional "O celular foi ficando melhor, mais barato e rápido. Se eu tivesse que fazer uma previsão, diria que ele vai desaparecer em 5 anos”, afirmou. Segundo Mitra, as novas tecnologias vão lançar um desafio aos professores. “O que a educação deve fazer quando os jovens tiverem o Google nas suas cabeças? Como você vai saber que um contabilista é mesmo um contabilista ou se ele está apenas usando o Google? O significado da educação, do diploma, terá que mudar em menos de 10 anos”, completou. Em 1999, Mitra colocou um computador com acesso à internet em um muro de uma favela de Nova Déli, na Índia. Câmeras mostraram a interação das crianças com o computador. Segundo Mitra, elas iniciaram um novo processo de aprendizagem graças à internet. Na época do experimento, chamado “Hole in the Wall” (buraco na parede, em inglês), os professores lhe questionaram o que aquilo mudaria na vida deles já que os resultados das provas não estavam melhorando. saiba mais “Eles concluíram que o computador não estava ajudando, mas ninguém perguntou se o problema não estava na prova. O computador ajudou as crianças em várias áreas que a prova não contempla, como a autoconfiança. Isso não é medido pela escola”. Crítica a provas escolares Segundo Mitra, as provas desenvolvidas pelas instituições não medem a compreensão, e, sim, a memória. “No passado, a memória era importante porque o cérebro era o único meio de se reter informações. Hoje, ela não é mais importante, pois temos o pen drive, por exemplo”, explicou. “Precisamos pedir para o sistema mudar em vez de pedir para o aluno não usar o computador”. Mitra acredita que é necessário redefinir o currículo escolar para que ele fique mais interessante. “Hoje, as empresa contratam funcionários com muita educação, mas que não são úteis. As pessoas conseguem ler uma página inteira e não entender nada. Essas habilidades são mais importantes para as empresas, hoje, do que trigonometria. Nós temos exigências que não têm relação com o que está sendo ensinado. Há 300 anos, o fato de o currículo não ser interessante, não era um problema. Hoje, isso não funciona”, completou.

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