Tuesday, August 31, 2010

Reuters

30/08/2010 14h52 - Atualizado em 30/08/2010 15h41

Cientistas pedem reforma no painel climático das Nações Unidas

IPCC não deve defender políticas específicas para evitar 'ativismo', diz texto.
Mandato para presidência do órgão, dois de 6 anos cada, é muito extenso.

Reuters

O painel climático da Organização das Nações Unidas (ONU) deveria fazer predições apenas quando dispusesse de sólidas evidências e deveria evitar a defesa de políticas, afirmaram cientistas em um relatório divulgado na segunda-feira (30). O documento também pede uma ampla reforma no Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).

O IPCC foi alvo de uma série de críticas após admitir, em janeiro, que seu relatório sobre aquecimento global de 2007 exagerou sobre a velocidade do derretimento das geleiras do Himalaia. O painel reconhecera antes que havia exagerado sobre o quanto a Holanda está abaixo do nível do mar.

"Probabilidades qualitativas devem ser usadas para descrever a probabilidade de resultados bem definidos apenas quando há evidência suficiente", afirmou o grupo revisor apoiado pelas academias de ciências dos Estados Unidos, da Holanda, da Grã-Bretanha e de outros países.

O relatório diz que o estatuto do IPCC afirma que ele deve ter "relevância política" sem defender políticas específicas. Alguns líderes do IPCC, entretanto, foram criticados por declarações que pareciam apoiar determinadas abordagens políticas.

"Desviar-se para o ativismo pode apenas ferir a credibilidade do IPCC", afirmou o relatório.

A revisão defendeu ainda que o limite de dois mandatos de seis anos para a presidência do IPCC é muito extenso e deveria ser encurtado para apenas um mandato, como ocorre com os cargos de outras autoridades do painel climático da ONU. Atualmente, Rajendra Pachauri, da Índia, é o presidente do IPCC.

O relatório não pediu a substituição de Pachauri, presidente desde 2002. Questionado se consideraria renunciar caso fosse solicitado, Pachauri disse a jornalistas que aceitaria qualquer decisão tomada pelo IPCC.

O documento também pediu por uma reestruturação da administração do painel, incluindo a criação de um comitê executivo que incluiria pessoas de fora do IPCC.

Com relação aos erros dos relatórios do IPCC, o grupo revisor defendeu a adoção de procedimentos de controle mais fortes sobre as revisões científicas do painel a fim de minimizar erros futuros.

Harold Shapiro, professor da Universidade de Princeton e presidente do comitê que revisou o trabalho do IPCC, disse a jornalistas que um relatório de um grupo de trabalho do IPCC "contém muitos enunciados que denotam alta confiança, mas para os quais há pouca evidência".

Shapiro afirmou que a resposta do IPCC aos erros, quando eles foram revelados, foi "lenta e inadequada".

Os erros, disse ele, "não arranharam a credibilidade do processo".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reconheceu que houve um pequeno número de erros no relatório de 2007, mas insistiu que as conclusões fundamentais estavam corretas.

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