Monday, July 12, 2010

Lixo pode virar energia limpa e reduzir impacto ambiental

.:: O TEMPO ::.
Economia

Pioneirismo. Matozinhos será o 1º no país a explorar o potencial energético dos resíduos com micro-ondas

Lixo pode virar energia limpa e reduzir impacto ambiental
Usina de tratamento terá capacidade para abastecer 3.000 residências

QUEILA ARIADNE
Parece coisa de desenho animado, onde o lixo é usado para mover carros e foguetes. Mas é a vida real: o que você joga fora hoje pode voltar para sua casa, conduzido por fios de eletricidade. No Brasil já existem alguns aterros com usinas que reaproveitam o lixo por meio da queima. Agora, os resíduos também poderão virar energia por meio de um reator de micro-ondas. E Matozinhos, no interior de Minas Gerais, será o primeiro no país a ter essa tecnologia. Para começar, a usina de tratamento de resíduos, que está sendo construída junto com o aterro, terá capacidade de 1,5 MW/h, o suficiente para abastecer 3.000 residências.

A tecnologia foi desenvolvida pelo brasileiro Luciano Prozillo, diretor da Micro Ambiental. "O lixo passa por um reator de micro-ondas que retira sua umidade, aumentando seu poder combustível. Depois, ele é compactado e se transforma em briquetes (tijolinhos), que são queimados, liberando o vapor que vai mover turbinas e gerar energia, que poderá ser usada pela prefeitura ou comercializada no mercado livre", explica.

O projeto de Matozinhos é feito em parceria com a Cavo Serviços & Meio Ambiente. De acordo com diretor comercial da empresa, João Carlos David, o aterro deve ficar pronto em agosto e a usina em outubro ou novembro deste ano. "Nós fazemos a instalação dos equipamentos, quando tudo estiver pronto, a Prefeitura de Matozinhos vai ter que realizar uma licitação para definir quem vai operar a usina".

Ganhos. A prefeitura pode fazer essa licitação ou vender briquetes diretamente para potenciais consumidores, como cimenteiras. A procuradora geral do município, Maria Sílvia Viana, explica que ainda isso não está definido. Entretanto, qualquer uma das opções trará impactos econômicos e ambientais muito positivos. "Com a comercialização de energia, teremos aumento na arrecadação de impostos sobre serviços, além disso, como a tecnologia vai reduzir a emissão de poluentes, vamos nos credenciar a receber ICMS ecológico", avalia.

O projeto recebeu investimentos de R$ 10 milhões. Os recursos vieram do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro), pois, com a implantação da usina de tratamento de lixo, os afluentes do rio das Velhas estarão protegidos da contaminação por chorume - líquido tóxico gerado na decomposição do lixo.

--------------------------------------------------------------------------------


Resíduos

Cemig tem interesse na fonte alternativa
O superintendente de tecnologia e alternativas de energia da Cemig, Alexandre Bueno, não conhece o projeto de Matozinhos a fundo, mas não descarta a possibilidade de ser uma parceira. “Não há garantias de que vamos comprar, mas a Cemig é hoje uma das maiores comercializadores de energia no mercado livre e temos interesse em fontes alternativas, inclusive temos pesquisas em torno do uso de resíduos”, afirma Bueno.

O diretor da consultoria KeyAssociados, Munir Soares, calcula que a usina de Matozinhos, com capacidade para processar 70 mil toneladas de lixo/dia, deva evitar que 8,5 toneladas de gás metano sejam liberadas na atmosfera, o suficiente para dar a ela o direito de receber 179 toneladas de crédito de carbono, que podem ser comercializados na Europa. “Cada tonelada de metano que deixa de ir para a atmosfera dá direito a 21 toneladas de crédito de carbono”, explica o consultor.

Segundo Soares, o volume é pequeno, mas a iniciativa é louvável. “Incentiva a geração descentralizada de energia e o reaproveitamento de um recurso energético que iria literalmente para o lixo”. (QA)
Publicado em: 11/07/2010

No comments: